A educação e a nutrição se articulam a todo o momento no decorrer do livro. A nutrição – representada aqui pelos bons hábitos alimentares, bem como pela diversidade alimentar e cultural – se apresenta como o fim; o local onde se quer e/ou pretende chegar. Já a educação ocupa o meio, ou seja, o caminho para se chegar ao lugar onde novas possibilidades no campo da alimentação se encontram. Assim, o trilhar do livro sob a perspectiva da educação é fundamental e para que, de fato, aconteça se faz necessário romper com o discurso prático que, por longos anos, me acompanhou pois estava totalmente alheio às concepções de criança e infância que a SI nos apresenta. Buscar a educação como um meio de conduzir a alimentação infantil por novos e/ou diferentes caminhos foi, para mim enquanto nutricionista e pesquisadora, como abrir uma nova maneira de começar. Com entusiasmo e euforia as vivências – ao longo da pesquisa base do livro – foram recebidas pelas crianças. A cada encontro, uma nova descoberta. Assim, a história dos alimentos foi apresentada aos protagonistas da infância – desde o nascimento até sua maturidade, passando pelo cultivo e finalizada na culinária. Com o passar do tempo, a rejeição instantânea pelos alimentos oferecidos na merenda escolar deu lugar à curiosidade, seguida de alguns questionamentos: “O que é? Que gosto tem?”. Ainda que a resistência em provar se mantivesse em alguns momentos, o olhar para a comida começou a ser modificado. Os adultos participantes – merendeiras e professoras – descobriram novas maneiras de oferecer os alimentos às crianças – por meio da ludicidade – aceitando, entretanto, as recusas com tranquilidade, uma vez que se atentaram para o fato do quão individual é a construção dos hábitos alimentares, isto é, ao longo da vida as preferências e restrições e/ou rejeições alimentares vão sendo descobertas pelos indivíduos e, assim, sua cultura alimentar vai tomando forma.